Há alguns anos nos Estados Unidos surgiu uma
pesquisa publicada na Revista Científica Cell, na qual o pesquisador afirmava
ter encontrado a pílula do exercício. Ao administrar uma droga para ratos, os
animais emagreceram e mostraram alguma melhora em parâmetros como colesterol,
sem fazer exercícios físicos e sem alterar a dieta. Esta droga surgiu então
como a pílula do exercício, isto é, para quem “não tem tempo” não precisava
mais mudar os hábitos de vida, bastava tomar este medicamento. Diversos outros pesquisadores
começaram então a estudar esta droga, avaliando a possibilidade dela vir a ser
um medicamento comercializado em farmácias. No entanto, a lista de benefícios
proveniente da prática regular de atividade física jamais poderá ser alcançada
por um medicamento. Não podemos esquecer que atividade física não traz apenas
benefícios físicos, mas traz também melhoras no âmbito social e emocional.
Obviamente que a droga não só não foi aprovada pelo FDA (órgão que controla
comercialização de medicamentos nos EUA), como tem sido alvo de severas
críticas no meio da medicina esportiva.
De fato, o que faz com que este tipo de estudo e
de proposta surja é esta busca incessante por baixa quantidade de gordura
corporal, curvas perfeitas, músculos definidos....aspectos que vão muito além
da busca pela saúde e pela qualidade de vida. Em outra mesa de discussões,
diversos dados foram apresentados questionando a abordagem que vem sendo dada
no tratamento da obesidade e na busca pela perda de peso, que muitas vezes não significa
perda de gordura corporal, mas sim de massa magra. Pesquisadores renomados
nesta área mostraram que há décadas as pessoas tentam emagrecer os obesos e as
pessoas sobrepeso para que eles fiquem saudáveis, e pelo tanto que a obesidade
reduziu (absolutamente não reduziu) talvez esteja na hora de mudarmos esta
abordagem e ao invés de tentar emagrecer tanto estas pessoas poderíamos
deixá-las saudáveis mesmo que acima do peso. Neste momento, vários estudos
foram apresentados mostrando que indivíduos obesos, ou acima do peso que fazem
atividade física regularmente, que comem frutas, verduras, cereais integrais,
possuem o mesmo risco de morte por doenças cardiovasculares que indivíduos
magros saudáveis. Em alguns casos, o risco de problemas com hipertensão
arterial, hipercolesterolemia foi mais alto em indivíduos magros, mas
sedentários, sem hábitos saudáveis, do que em pessoas com sobrepeso, mas
ativas. E um dos dados apresentados mais interessantes mostrava vários estudos
que comprovaram que variações de peso corporal, o famoso engorda-emagrece, é
mais prejudicial para saúde do que manter-se sobrepeso ou obeso. As variações
de peso levam a variações de pressão arterial, variações de glicemia, de
insulinemia, de colesterol, todos os parâmetros variam juntamente com a perda e
o ganho de peso corporal e está sendo demonstrado que estas variações não são
saudáveis. Alguns estudos mostraram que várias tentativas de emagrecer levam a
maiores concentrações de grelina, hormônio responsável por induzir a fome; e talvez
por isso o efeito sanfona ocorra ocasionando ganho de peso maior do que o total
que havia sido perdido. O índice de mortalidade encontrado foi proporcional ao
número de tentativas de emagrecer, isto é, quanto mais tentativas as pessoas
fizeram de emagrecer, maior foi o risco de morte por doenças cardiovasculares.
Bom, o que devemos concluir de tudo isto:
novamente, não procurar por soluções imediatas, elas podem ser mais
prejudiciais do que permanecer da maneia que estamos, mesmo que acima do peso.
Mudar hábitos, introduzir rotinas mais saudáveis, atividade física regular,
consumir alimentos mais saudáveis trará benefícios maiores para saúde do que
perder peso de forma rápida e insustentável.
Por Antonio Herbert
Lancha Jr.

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